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Premiação Àkàrà L'Oyá celebra a cultura e resistência afro-brasileira no Museu Histórico Nacional


Na tarde de 5 de julho, o Museu Histórico Nacional, localizado no coração do Rio de Janeiro, foi palco de uma celebração ímpar da cultura e resistência afro-brasileira: a Premiação Àkàrà L'Ọyá. Organizado pela presidente da Confraria Oloyás, a Vodúngán Kelly de Oyá. O evento destacou-se não apenas pela elegância e organização impecável, mas também pela profunda significância cultural e espiritual que teve para a sociedade afro religiosa carioca.



A premiação, cujo objetivo é reconhecer e homenagear indivíduos que têm contribuído significativamente para a preservação, promoção e enriquecimento da herança cultural e espiritual afro-brasileira, foi um verdadeiro tributo ao trabalho árduo e à dedicação de sacerdotes, sacerdotisas, escritores, artistas, músicos e atores. Este evento enalteceu aqueles que atuam na linha de frente contra o preconceito e a intolerância religiosa e reforçou a importância da arte e da cultura como pilares da identidade e resistência de nosso povo.


Uma tarde de emoções e reconhecimento


A cerimônia começou com uma atmosfera de reverência e expectativa. A presença da Vodúngán Kelly de Oyá, presidente da Confraria Oloyás mesmo enfrentando desafios pessoais, simbolizou a força e resiliência que definem todo o arquétipo do orixá Oyá e brilhou com palavras poderosas. A apresentação cerimonial feita pela Yalorisá Ìyáníláárí Élida de Oyá retratava a história da Confraria e também a de sua fundadora.




Em seguida tivemos uma apresentação do bailarino Tito Santa Cruz e da Ìyáníláárí Adriana de Oyá, ao fim, a confraria Oloyá’s se junta a apresentação ao som do nosso adaró ou como também conhecido em nosso meio: “quebra-prato” de Iansã, para fazer a distribuição de acarajé para todos os convidados.


O acarajé é o prato mais popular da nossa cozinha ancestral, feito de feijão-fradinho e frito em azeite de dendê, é um alimento sagrado oferecido a Oyá, e toda sua forma de preparo nos remete a força vibrante e pulsante deste orixá. Sua distribuição durante o evento aqueceu a conexão espiritual com as tradições de nossos ancestrais.


Cada premiado teve a oportunidade de compartilhar suas histórias e contribuições ao microfone, proporcionando um mosaico de experiências e inspirações que tocaram a todos os presentes. A diversidade de atuações e a profundidade dos discursos revelaram a riqueza e a complexidade da cultura afro-brasileira, enraizada em tradição e constantemente renovada pela criatividade e pelo espírito comunitário presente em nosso povo de axé.

Adaró em pleno pátio do Museu Histórico Nacional


O final do evento foi emocionante, com o som dos nossas atabaques ecoando em pleno pátio do Museu Histórico Nacional. Convidados todos a se reuniram para fazermos um tributo ao orixá Oyá, entoando o hino oficial da Confraria e outros cânticos tradicionais de nossa religião. Este momento foi mágico e trouxe uma sensação de união e reverência, enaltecemos a força e a ancestralidade que Oyá nos representa. Confraria Oloyá's celebra sua história e tradição



"Foi uma grande honra realizar o troféu Àkàrà L'Ọyá, ver minha história e a da confraria Oloyá's ser contada de uma forma tão carinhosa e especial, foi emocionante, falar de Oyá, ouvir seus cânticos e toques, sua representação em dança no palco em seus movimentos e em tudo que ela representa, sua comida, o àkàrà sendo distribuído a platéia como forma de bençãos, todos unidos comungando da mesma fé e respeito é de arrepiar e tocar o coração, ter o privilégio de homenagear pessoas tão importantes que dê fato merecem reconhecimento por seus serviços e dedicação à nossa religião e cultura, foi sem dúvida uma honra e encerrar no pátio central dentro do museu Histórico Nacional ao som dos atabaques tocando Adaró e o hino da confraria Oloya's todos vestidos tradicionalmente com suas roupas religiosas, cantando, louvando e dançando para o orisá Oyá num único movimento de fé é amor ao sagrado é realmente para ficar na História. Gratidão a tudo que o sagrado me proporciona, a ori , esú e Oyá por viver momentos como esse. Deixa ventar! Eparrey!"

Vodúngán Kelly de Oyá.

Parcerias que fizeram a diferença


A realização deste evento de grande porte e relevância cultural foi possível graças à colaboração de diversas instituições e indivíduos comprometidos com a valorização da herança afro-brasileira:


Museu Histórico Nacional: Fundamental na preservação e valorização do patrimônio cultural, oferecendo prestígio e suporte institucional ao evento.


Secretaria de Meio Ambiente e Clima: Ofereceu suporte e ressaltou o compromisso com a sustentabilidade e a conscientização ambiental, integrando a premiação aos princípios ecológicos e de responsabilidade social através de sua gerência para povos tradicionais.


Secretaria da Diversidade Religiosa: Ofereceu suporte e reforçou a importância do respeito e da inclusão de todas as práticas religiosas, assegurando que a diversidade espiritual fosse devidamente reconhecida.


Ministério da Cultura: Ofereceu suporte institucional e recursos fundamentais para a realização do evento, sublinhando o papel central da cultura como alicerce da identidade e da resistência afro-brasileira.


Curadoria Bem-te-vi: Contribuiu com sua expertise na curadoria, assegurando a qualidade e significado e promovendo a cultura brasileira através da pesquisa, curadoria e criação de conteúdo estratégico. Rômulo Corleone Fotografia e Rômulo Corleone Design: Proveram suporte visual e estético essencial, capturando a essência do evento.


Editora Folha de Ouro: Apoio na publicação e disseminação do conhecimento sobre os homenageados e suas realizações, garantindo divulgação das histórias celebradas.


Uma celebração de arte e magia ancestral





"Como fotógrafo e jornalista afro-documental, foi um privilégio testemunhar, compor e ter de minha equipe, o fotógrafo Yuri Paiva registrando cada momento deste evento histórico. Em meu discurso, enfatizei a importância da arte como ferramenta de resistência e transformação. A arte salva, compõe e enriquece nosso circuito cultural e também o espiritual. Agradeci a Vodúngán Kelly de Oyá por me permitir projetar e oferecer suporte visual a essa premiação e reforcei meu compromisso em nossos projetos contínuos.
A Premiação Àkàrà L'Ọyá foi um manifesto de resistência, um ato de celebração e um símbolo de união. Ao reconhecer e homenagear aqueles que lutam pela preservação de nossa herança cultural e espiritual, reafirmamos nosso compromisso com a valorização e perpetuação das tradições afro-brasileiras.
A tarde de 5 de julho ficará marcada na memória como um momento de grandeza e inspiração, um testemunho da força e resiliência da comunidade afro-brasileira, da confraria Oloyas e de sua presidente. Que venham mais edições, mais histórias e mais conquistas, pois nossa cultura é viva, pulsante e inesgotável."

Rômulo Corleone

Artista Visual, Fotógrafo e Jornalista Afro documental.

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